Souto Maior e seu livro (foto de Liliane Cardoso)
Um tema que sempre evito discutir
é religião. Como na velha frase em que se diz que futebol e política também não
se discutem. Mas, resolvi que iria sim escrever a resenha da biografia “Kardec”,
escrita pelo jornalista Miguel Souto Maior, o mesmo da biografia de Chico
Xavier. Para começar acho que devo esclarecer que sou espírita, nasci em uma
família espírita e já sou a terceira geração a seguir a doutrina. Portanto, não
há como isso não influenciar em nada minha avaliação do livro.
“Kardec”, como o nome sugere,
conta a história de vida do frances fundador da doutrina espírita, Hippolyte
Léon Denizard Rivail, conhecido por seu pseudônimo, Allan Kardec. Souto Maior
organizou o livro em pequenos capítulos, o que faz com que a leitura flua
melhor, mas tanto causa um pouco de impaciência. Essa impaciência é alimentada
também pelo grande número de capítulos que abordam detalhes de relevância questionável.
É neste detalhes que o autor acaba
destilando um pouco de sua visão, que ele faz questão de lembrar que tenta
direcionar à imparcialidade, como bom jornalista. Porém, sabemos que a total
imparcialidade é um mito e seu texto denuncia sua visão levemente desdenhosa em
alguns rápidos momentos, principalmente quando arrisca falar sobre a prática da
doutrina. Apesar disto, o autor conta a trajetória de Kardec de forma
respeitosa. Ressalta diversas vezes a força do caráter do fundador do
espiritismo. Um homem sério, vindo da ciência, educador apaixonado e de postura
impecável.
Para quem não conhece a doutrina
pode ser revelador conhecer seu nascimento. A visão e a conduta de Kardec
esclarecem muito o que o espiritismo realmente é. Para os que já conhecem a
doutrina, a história pode resgatar muitos princípios que vem se perdendo no
meio espírita.
A narrativa começa no primeiro
contato de Kardec com o “outro mundo”, quando em sua curiosidade de
investigador científico, o professor Rivail vai à uma sessão das famosas mesas
girantes. A experiência instiga e fascina o professor, que começa uma
criteriosa pesquisa sobre o fenômeno. A partir daí surgem os cinco livros que
até hoje são a essência teórica da doutrina. E, claro, esse “nascimento”
ocorreu cheio de obstáculos e perseguições.
O texto é bastante acessível, e
como já disse, os muitos pequenos capítulos tem sua vantagem e desvantagem. E
apesar do incomodo que certas “alfinetadas” do autor me causaram, no geral vejo
o livro como mais prova da integridade de Kardec e da alma da doutrina.
Caixa de comentário é imã de gente babaca, mas aqui está meu voto de confiança em você! ;)