Temperance Brennan na TV (Emily Deschanel)

“Ossos” (título original “Bare Bones”) é mais uma aventura da antropóloga forense Temperance Brennan. A personagem criada pela também antropóloga forense Kathy Reichs (protagonista de seus 16 livros) ficou famosa ao ganhar uma série de TV, “Bones”, transmitida pela emissora norte-americana Fox. No entanto, a Brennan da TV é muito diferente da dos livros. Reichs faz parte da produção da série baseada em sua criação como consultora. Mas a personagem televisiva foi moldada pelos roteiristas e pela atriz que a interpreta (Emily Deschanel).

A Temperance dos livros é uma mulher madura, mãe de uma filha já crescida, divorciada e que no passado teve problemas com álcool. Muito diferente da personagem da série, onde é uma espécie de Spock (Star Trek) misturado com Dr. House (House) em versão feminina.

Como fã do seriado, fiquei curiosa para conhecer a Brennan original. Mas, acabei me decepcionando. Basicamente a história do livro envolve três cenas de crime. Tudo começa com a antropóloga analisando ossos carbonizados de um bebê recém-nascido. Mal começa a investigação e surgem novos esqueletos para Temperance: ursos, uma ave, uma mão humana, dois em um acidente de avião, mais uma ossada. E logo aparecem mais.

Poderia ser uma história investigativa fascinante. Afinal, estaria a morte de um bebê, tráfico de drogas e de animais silvestres ligados? Porém, Kathy perde tempo demais em descrições desnecessárias. Ao tentar mesclar a investigação com a vida pessoal da personagem a autora deixa o enredo lento e chato. A intimidade de Brennan não é nem um pouco cativante. Reichs também usa de frases cheias de pieguice quando resolve incluir reflexões e pensamentos para dar um toque mais “poético”.

Apesar de adorar história, ciência e adquirir conhecimentos novos, também me incomodou a necessidade da autora em explicar certas coisas como se houvesse em anexo da Wikipédia no livro. Esse excesso de explicação é compreensivo quando se lembra de que a obra é voltada ao público norte-americano. Acontece o mesmo com os filmes por lá, tudo tem de ser didaticamente explicado.

Como nas histórias infantis, Reichs tenta transformar a história em uma lição conscientizadora sobre a preservação da natureza e dos animais. Principalmente no final do livro, onde faz questão de colocar a moral da trama, como nas fábulas. Não diria que é de todo um livro ruim, classificaria como “regular”. Sigo preferindo “Bones” na TV.