Eu sou meio relutante em fazer resenhas de livros considerados clássicos, mas para alguns acho que vale a pena abrir uma exceção. “O velho e o mar” é um desses livros que dá para ler um dia só. Conta a história de um velho pescador cubano que está há cerca de 80 dias sem conseguir pegar um peixe “de verdade”, algo que dê para vender.

Com a ajuda de um rapaz, que é seu amigo e aprendiz, o velho volta ao mar decidido á acabar de vez com sua maré de azar. Ele é não apenas experiente como ainda é forte para encarar uma jornada cansativa atrás de um bom peixe. Então ele sai para o mar sozinho e esperançoso. Só não espera (e aí você pode achar que é spoiler) que fisgaria um peixe tão relutante em se entregar.

É no tempo em que aguarda poder abater de vez o peixe que a maior parte da história se passa. O enredo em si é bastante simples. Mas é nisso que o livro se mostra tão encantador. Hemingway transforma a luta com o peixe e os devaneios do velho solitário no mar em uma das reflexões mais sutis e belas que já pude ler. Mesmo pegando uma tradução horrorosa (é nisso que dá não querer comprar uma edição decente) fiquei encantada. Ouso dizer que é uma lição de humildade acima de tudo.


É delicado e emocionante. Você fica ansioso para saber o final, mas nem por isso deixa de apreciar as divagações do velho. Mesmo para uma vegetariana como eu, o enorme respeito que o pescador tem pelo peixe e pela natureza é tocante. Uma história inspiradora, que mostra o poder da boa literatura em fazer de um relato tão simples algo tão fascinante quanto a mais elaborada e detalhada obra épica.