Através de um jornal
internacional sediado em Roma, Itália, Tom Rachman conta um pouco dos
bastidores do jornalismo. Cada capítulo é um conto que traz a história de um
personagem, o editor chefe, o repórter de cultura, a repórter de economia, o
correspondente no Egito e por aí vai. Cada conto é seguido por um capítulo
sobre a história da publicação e da família à qual ela pertence. A linguagem é
leve e muito cativante, levando o leitor ao íntimo do personagem. Rachaman faz
muito mais que mostrar o cotidiano de um jornal, ele mostra diversos tipos de
personalidades e situações. Diferentes espectros do ser humano, o amor, a
solidão, frustração, esperança, desespero e mais. Passagens de tristeza,
reflexão ou que também despertam risadas.
A leitura fluiu muito bem e terminei o livro mais rápido
do que imaginava. Para quem é jornalista, como eu, ou já trabalhou em um
jornal, irá se identificar com muita coisa. Para quem não está familiarizado
com este mundo será uma boa surpresa descobrir que o universo jornalístico está
bem longe do glamour que a maioria das pessoas imaginam. Principalmente porque
o autor descreve com os “contos” a triste decadência pela qual os jornais estão
passando nos últimos anos. As publicações impressas tentam se adaptar à era da
internet, mas nem todas conseguem sobreviver e perdem cada vez mais leitores.
Outro destaque do livro é a
história de uma leitora especial. Uma senhora que faz questão de ler todas as
reportagens das edições, e só ao termina-las passa para o próximo número. Mas,
como é impossível ler uma edição em um único dia, a leitora acaba em plenos
anos 2000 ainda no começo da década de 1990. E assim, totalmente alienada do
que está acontecendo no presente.
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