Ainda hoje sexo é um assunto que faz as pessoas corarem, mas com certeza de um modo bem diferente que nossos antepassados. A evolução da sexualidade no Brasil é a história contada por Mary Del Priore no seu “Histórias Íntimas”.

A autora começa obedecendo à ordem cronológica, descrevendo a falta de privacidade e a majoritária influencia da igreja católica que marcaram nossos primeiros tempos. As curiosidades são, com certeza, o charme do livro. Fatos que aos olhos do brasileiro moderno chegam a ser engraçados. Os pudores e “ignorâncias” já não me apresentaram grandes novidades.

Exemplo curioso: um dos responsáveis pela corrida às clínicas de cirurgia plástica neste início de século 21, os seios, nem sempre foi um chamativo erótico. Eram chamados de simples "aparelhos de lactação" e só começaram a ganhar a conotação atual a partir da década de 1950.

O mais marcante do livro, porém é acompanhar como a evolução do processo de colonização e depois de industrialização se relacionou com a sexualidade do brasileiro. Intercalando suas crenças religiosas com o “calor” dos trópicos. E em todos os tempos a opressão contra o sexo feminino, nunca permitido de sentir prazer.

É apaixonante conhecer o passado em que tirar a roupa era proibido mesmo entre quatro paredes. Práticas que contrastam com o país em que hoje mulheres desfilam nuas livremente no carnaval. No entanto, os únicos “pecados” da autora são a repetição do fator “Igreja católica”, explicando suas implicações em quase todo capítulo. E Mary também tenta se distanciar da linguagem acadêmica e até arrisca frases mais poéticas, mas ainda deixa com que o leitor perca a empolgação em alguns pontos. Não sei se por ser a minha profissão, mas senti falta de algo mais jornalístico e menos acadêmico.

 *Imagens do livro