Muito tem se falado sobre os autores nórdicos do gênero policial, então decidi conferir tal fama começando pelo recente livro do islandês Arnaldur Indridason. “O silêncio do túmulo" traz mais uma história comandada pelo investigador Erlendur.

Em um canteiro de obras da crescente Reykjavík, um esqueleto é encontrado por acaso: quando em uma festa infantil nos arredores um bebê aparece chupando um osso humano! Com a descoberta surgem inúmeras perguntas que Erlendur e sua equipe buscam responder. Um processo minucioso e complicado. Começando pela remoção dos ossos, que fica a cargo de um arqueólogo extremamente cuidadoso e lento. Tudo o que o investigador tem é a informação de que o corpo havia sido enterrado no local há cerca de sessenta anos.

Enquanto narra a difícil procura da polícia em desvendar o caso, que se torna atração na mídia local, o autor apresenta a saga íntima de Erlendur para se reaproximar da filha e ajudá-la a sair do vício em drogas. Uma relação dolorosa, que traz para o personagem uma roupagem de melancolia e arrependimentos.

A terceira narrativa que Indridason encaixa no livro começa sem muitas explicações. É brilhantemente descrita, como assistir um filme. Triste filme. As imagens são de violência doméstica. Uma jovem humilde, viúva e com uma filha pequena, se casa na esperança de ter o apoio que sempre necessitou. Mas acaba se tornando prisioneira de um inferno que muitas mulheres conhecem. O sentimento da mulher e a dor sofrida a cada ataque são contados como se pudéssemos ouvir seus pensamentos. Sem dúvidas uma história chocante, que se sobrepõe ao livro em si. Para no final as narrativas se encaixarem, trazendo um desfecho surpreendente e tocante.

“O silêncio do túmulo" se difere de tudo o que já li e vi do estilo. E é com certeza um dos melhores livros que pude ler em 2011. Uma dessas obras que nos impressionam e nos prendem não só em seu suspense, mas também no retrato que faz do lado mais sombrio do humano.