
A família Bonanno poderia ser uma
família como qualquer outra, não fosse suas principais fontes de renda serem
ilícitas: loterias, venda de segurança, agiotagem entre outros. É surpreendente
ver como esse universo não é tão cheio de emoção e ação quanto pensamos, ou
quanto o cinema nos faz crer. A máfia pode ser muito violenta, mas na maior
parte do tempo seus integrantes viviam se escondendo pelos cantos, chegando a
passar dias trancados em alguma casa vendo TV. Fica claro que Talese se tornou
realmente amigo da família por causa da riqueza com que conta detalhes íntimos
da relação conturbada de Bill com sua esposa Rosalie, por exemplo. Essa relação
do escritor com suas fontes é polêmica até hoje, mas é mais fácil de ser
compreendida quando se lê sua obra e se tem essa sensação de humanização de
algo tão terrível quanto a máfia. Você se apega um pouco.
O único entrave do livro é sua
extensão, que faz com que em alguns momentos a leitura seja um pouco maçante.
São anos de história de uma família é um único livro. E só por este motivo não
daria um 10 de nota, e me sinto muito mal por isso. No entanto, também não
posso esconder que ele pode ser cansativo em algumas partes, talvez não tão
cansativo quanto as horas de espera de Bill em seus esconderijos. O que não
deixa a saga toda não ser cativante, ainda mais porque mostra uma época
anterior ao “boom” das drogas no mercado negro. O que hoje representa a
principal fonte de renda no comércio ilegal era desprezado pelos
ítalo-americanos como algo menor, algo para negros e latinos. Uma época em que
mafiosos faziam questão de usar ternos alinhados e colocavam suas famílias,
esposas e filhos acima de tudo, como algo sagrado. Uma época com um certo
charme, não podemos negar.
*Na foto: Joseph Bonanno
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